Não existe humildade em SP

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(Foto: Eduardo Viana)

O São Paulo apresentou um futebol medíocre na última quarta-feira, no Morumbi, diante da LDU de Loja, pela Copa Sul-Americana. Entretanto, o mau futebol e a classificação para as 4ªs de final com o empate em 0x0 foram ofuscados pela confusão entre o Rogério Ceni e Ney Franco.

Durante o segundo tempo da partida, o goleiro teria pedido insistentemente a entrada de Cícero. O técnico, por sua vez, não deu ouvidos e preferiu colocar Willian José. Rogério teria reclamado, Ney Franco teria mandando-o ficar quieto. E mais, na entrevista coletiva, pós jogo, disse que considerou a atitude do camisa #1 uma ingerência: “Não aprovo a atitude. Acho que é cada um na sua função, cada um na sua. Se achasse que o Cícero deveria entrar no jogo, ele entraria. Mas não aprovo essa atitude”, desabafou o técnico.

Na tarde desta quinta-feira, 25, o goleiro deu entrevista coletiva para tentar colocar panos quentes na situação.  Dentre outras coisas, ficou no mais do mesmo, colocou a culpa no calor do jogo e disse que só queria ajudar o clube a sair com a vitória. Além de desmentir o vice-presidente de futebol, João Paulo de Jesus Lopes, dizendo que não houve reunião depois da partida. E que só ficou sabendo na repercussão na própria quinta.

Acontece que futebol é um esporte coletivo. Não é errado um jogador dar sua opinião e sugerir um esquema tático ou uma mudança no time. O problema é a forma como isso é feito e a frequência. Já não é a primeira vez que Rogério dá mostras de interferência no trabalho dos técnicos que passam pelo São Paulo Futebol Clube. Em 2010, quando o interino Sérgio Baresi estava no comando tricolor, o goleiro colocou Cleber Santana no jogo. O meia estava aquecendo atrás do gol e o foi chamado pelo próprio Rogério. Em 2011, na passagem de Emerson Leão, o camisa #1 deu conselhos ao zagueiro Paulo Miranda, dizendo que as coisas iriam melhorar quando o técnico fosse trocado.

Fora que, esbravejar dentro de campo, com várias câmeras em volta e na frente de mais de 15 mil pessoas não é maneira correta de tentar corrigir algo. A conversa deveria ter acontecido no vestiário, durante o intervalo. Ou ao menos, o goleiro poderia ter sido discreto, ter chamado o lateral direito ou um zagueiro e pedido para que levassem sua sugestão a Ney Franco.

Indo mais longe, Rogério, que é um jogador inteligente e macaco velho do futebol, se fez de vítima, de inocente. Os mais de 20 anos de carreira são suficientes para saber o que gera ou não ibope. Impossível se dizer surpreendido com a repercussão do episódio.  Errou e não foi humilde o suficiente para reconhecer – e se acha que não errou, o equívoco é duplo. É aqui que está o problema.  Agora a bomba está no colo do técnico: se, de repente, os resultados não vierem nas próximas partidas, pode ser que Ney Franco sinta-se pressionado.

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