Confronto entre torcidas organizadas é consequência do descaso

No último final de semana, domingo,  dia do derby Corinthians e Palmeiras, houve um confronto entre membros da Gaviões da Fiel e da Mancha Verde. Marcada pela internet, a briga aconteceu longe do estádio em que partida seria disputada e resultou na morte de dois integrantes da torcida palmeirense. Diante disso, a Federação Paulista de Futebol resolveu proibir a entrada das torcidas envolvidas nos estádios de São Paulo.

Capa do Jornal Lance! de 27 de março de 2012

Chega a ser revoltante, pois de nada adianta tal medida. Afinal, o que se vai probir são uniformes, faixas e instrumentos que levem a identificação. Os torcedores e/ou vandalos continuarão nas arquibancas e as autoridades a fingir que trabalham. Por isso, em momentos assim, cabe aos grandes veículos de comunicação, evidenciar isso ao público, bater de frente e dizer que não está certo.

E foi isso que o LANCE! fez. Trouxe um editorial de capa, mostrando o descaso das autoridades competentes para com o esporte e seus admiradores; e resumindo o sentimento daqueles que também discordam da decisão imposta.  Sendo assim, reproduzo abaixo, um trecho do editorial.

Basta querer

É lamentável dizer, mas as autoridades de segurança de São Paulo são coniventes com a barbárie em que se transformou a relação entre as organizadas dos grandes clubes do estado, e que resultou agora na batalha campal na Avenida Inajar de Souza, uma das principais vias da Zona Norte da capital. O problema da violência, todos sabem, não é novo.

Como não é nova a forma com que os governos – e junto deles, as federações esportivas e o Ministério Público – reagem aos fatos. Desta vez, como das outras, o discurso é o mesmo: banir as organizadas dos estádios, proibir Mancha e Gaviões de existirem. Atitudes absolutamente paliativas, como a decisão esdrúxula de proibir o torcedor de levar bandeiras, de vetar o consumo de bebidas alcoólicas. Em determinado momento, até as bexigas foram vetadas pela polícia.

O verdadeiro trabalho investigativo, contudo, que poderia pôr fim ao vandalismo, está longe de ser realizado. Essas guerras de facções são facilmente rastreadas. São marcadas na internet. Nas páginas 6 e 7, este LANCE! Conta os antecedentes que culminaram nos episódios de domingo. Boa parte deles conhecida por qualquer torcedor. Mas ignorados ou relevados por quem tem a responsabilidade de garantir a ordem pública e colocar na cadeia quem desafia a lei.

Custa infiltrar policiais nessas gangues? A polícia fez isso para chegar aos corinthianos que incendiaram um carro de escola rival na apuração do Carnaval deste ano. Prova cabal de que, quando se cumpre com o dever, os resultados aparecem. Sem falar no uso dos recursos tecnológicos, o rastreamento dos sites criminosos, a adoção de equipamentos de reconhecimento facial, que, em locais estratégicos das cidades, poderiam tirar definitivamente das ruas, e não só dos estádios, esses marginais.

Parabéns ao Lance! E toda a sua equipe!

1 comentário

  1. Pois é, e foi assim que se resolveu o problema na Inglaterra, infiltração, policiamento nos principais pontos da cidade onde o jogo será realizado o dia todo (e não só ao redor do estádio na hora do jogo).
    Também precisou a FIFA banir a Inglaterra e os times ingleses de qualquer campeonato internacional até que o problema fôsse resolvido.

    Atacou o bolso dos clubes, da FA e do governo, atitudes foram tomadas.

    Sempre “about the money” não é mesmo?

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